A Problemática Ética na Filosofia Portuguesa Medieval
Abstract
A ética diz respeito à vida do homem, aos seus ideais, acções, juízos e costumes, bem como coloca a questão da felicidade versus infelicidade. Ela pressupõe a distinção entre bem e mal e implica uma reflexão acerca das categorias da paixão e da acção. Com efeito, encontramo-nos perante uma reflexão acerca do agir, com vista a determinar as regras que o orientam.
Aristóteles na Ética a Nicómaco, advertia que a compreensão da realidade ética está sustentada por um saber de carácter experiencial, ou seja, um saber acerca das coisas da vida, pois não nos encontramos perante um conhecimento, mas sim uma acção, na qual o homem está totalmente implicado. A sabedoria a que se faz apelo é uma sabedoria prática. Ora, tanto para Aristóteles como para os estóicos, nomeadamente Séneca, autor central e uma das fontes da filosofia portuguesa medieval, esta sabedoria prática está intimamente ligada à aquisição da virtude. Nesse sentido, a ética tem por finalidade determinar para o homem qual é o soberano bem, o que, por sua vez, só se atinge mediante o exercício da recta razão.
Assim sendo, podemos considerar que ela diz respeito a uma compreensão do agir do homem frente a si próprio e frente aos outros. Ela refere-se ao viver e conviver. Como nos diz Paul Ricoeur na obra Soi- même comme un autre, a ética diz respeito à vida boa, no e com os outros, nas instituições justas. No seu horizonte está a verdade, felicidade e espiritualização que conduz à perfeição. Nesse sentido, ela permanece, ainda hoje, como um desafio.
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