Metafísica negativa em Tomás de Aquino

Carlos Arthur R. do Nascimento

Abstract


Falar de metafísica negativa em Tomás de Aquino pode parecer pura provocação, já que este seria o tipo mesmo do dogmático, isto é doutrinário ou catafático. Pretende-se, no entanto, sustentar que, para Tomás de Aquino, há um aspecto negativo na noção de ente enquanto ente. Neste sentido, o juízo negativo, que dá acesso à noção de ente enquanto ente, abre a noção de ente material, sem dar positivamente acesso ao ente imaterial.

Antes, porém, de abordar esta tese, mencionemos brevemente alguns outros aspectos a ela ligados e que de algum modo a contextualizam no pensamento de Tomás de Aquino. Um primeiro tópico que gostaríamos de relembrar é o aspecto negativo do conhecimento humano no que diz respeito ao próprio ente material. Tomás de Aquino sustenta simultaneamente duas teses. A primeira é que «o objeto próprio do intelecto humano, que é unido ao corpo, é a quididade ou natureza existente na matéria corporal; e, pelas naturezas deste tipo, ascende das coisas visíveis a algum conhecimento das coisas invisíveis»1. A segunda que, tanto no que concerne às substâncias imateriais, como no que se refere às materiais, suas diferenças específicas nos são desconhecidas, sendo significadas por diferenças acidentais que se originam das primeiras: «Visto que nestas substâncias [isto é, nas substâncias imateriais] a quididade não é o mesmo que o ser, por isso são classificáveis no predicamento [da substância]; por isso, encontram-se nelas gênero, espécie e diferença, embora suas diferenças próprias nos sejam ocultas.


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