João de Ripa e o conceito enquanto acontecimento metafísico

Pedro Parcerias

Abstract


É através da recusa de um princípio que a tradição do pensar adoptara como nuclear que João de Ripa fundará o seu projecto metafísico. Essa recusa constitui-se mais como afirmação de um novo princípio do que como recusa pura e simples de algo que deve ser abandonado. O princípio recusado é a impossibilidade de um processo ao infinito nos entes; o novo princípio emergente é o infinitismo metafísico enquanto possibilidade de um processo ao infinito nas causas essencialmente ordenadas1. Dado que uma primeira causa incausada deve exceder a série na qual se distribuem os entes na sua dependência ontológica ao princípio, será sempre possível entre a primeira causa e uma qualquer causa segunda, no que diz respeito a um qualquer efeito finito, incluir um número infinito de causas. A distância da causalidade, numa série em que as causas se ordenam essencialmente, entre a causa primeira e uma causa segunda superior, em coordenação com uma outra subordinada em relação a um determinado efeito finito, é sempre infinitamente superior à distância entre a causa segunda superior e a sua subordinada. Se se considerar a possibilidade de uma outra causa superior entre a anteriormente superior e a causa primeira, e considerando que a nova causa superior mais excede a sua imediatamente subordinada do que esta a sua, mantém-se a mesma relação, na latitude causal essencialmente ordenada, entre a primeira causa e a causa segunda que se lhe segue. Logo, o processo pode estender-se ao infinito. Tal como toda a entidade excedida pelo primeiro ente é comunicável, também toda a causalidade excedida pela primeira causa é, do mesmo modo, comunicável, pois a causalidade não é uma perfeição maior do que a entidade.


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